Meu nome e Luziane tenho 36 anos quero dividir uma experiência com quem está vivendo ou já viveu abusos domésticos eu quase fui morta por várias vezes.
Tudo era bem normal até um dia que eu descobri uma traição, eu questionei foi a primeira vez que ele me agrediu eu estava grávida de oito meses, sentindo dores fugi de casa e ele, jogou cândida em todas as minhas roupas do guarda roupa, retornei de três dias porque ele pediu perdão e eu perdoei e até achei que a culpa era minha, de alguma forma sentia que eu tinha que salvar nossa relação.
Foi após o nascimento da minha filha que descobri mais uma traição, minha filha estava com três meses de nascida, dessa vez quando questionei, ele disparou um tiro de 38 em minha perna, na frente do meu filho de cinco anos que não era filho dele, corri para a rua e lembro dele falando: "isso aqui e pra nunca mais desacredita de um homem "
Deu o tiro na perna direita do lado do meu joelho os médicos disseram que foi muita sorte não ter pegado no osso, a bala atravessou para o outro lado.
Denunciei na Lei Maria da Penha e fiquei escondida por 15 dias na casa de
de parente e depois retornei para minha casa, então ele pediu perdão e eu mais uma vez perdoei, mas dessa vez não voltamos a morar juntos, até que descobri que ele estava morando com outra mulher agora ele tinha me colocado em um triângulo amoroso onde eu era a amante sem nem imaginar.
A minha situação era horrível porque ele frequentava minha casa com a desculpa de visitar nossa filha, não ajudava financeiramente na criação dela mas cobrava o direito de visita, e era assim ele fazia eu aceitava, ele é que mandava e eu obedecia, arrumei um emprego precisava trabalhar para manter meus filhos, eu até fome estava passando, mas ele me perseguia e dizia que eu estava com homens na rua e me ameaçava de morte, e acabei perdendo o emprego, quando um dia ele me atacou na rua, rasgou minha roupa, me golpeou na cabeça me machucou muito, e eu fugi, mas alguém ligou para ele avisando onde eu estava escondida e ele foi me buscar com uma madeira na mão e me ameaçava o tempo todo, com muito medo sem ninguém para me ajudar eu obedeci, ele também usava minha filha como isca para me oprimir e conseguia.
Minha família já tinha feito de tudo pra me tirar daquela situação, porém eu não sabia, mais eu tinha uma dependência emocional que não sei explicar eu achava que ele iria mudar que ele ia me amar e cuidar de mim, meus irmãos tentaram me ajuda mais eu sempre acabava dando chance pra ele e isso afastou minha família.
E chegou um dia que ele me abusou sexualmente, sem minha permissão rasgou minha roupa, e fez o ato eu não queria tinha muito medo dele me bater mais, foi então que engravidei do meu filho, minha filha estava só com um ano, eu vivia com R$ 90,00 do bolsa família, tinha que comprar fralda, leite, comida, era tudo muito difícil.
Então chegou o Natal, eu estava grávida de 04 meses e fui à casa de uma amiga, e ele ficou furioso, quando retornei ele me agrediu mas uma vez, apertava minha barriga com as mãos, como se fosse uma bexiga, doeu de mais e mais uma vez foi embora como se nada tivesse acontecido.
Ele sempre estava ali, no meu dia a dia, me rodeando, me ameaçando.
Eu tentei afasta-lo, ignorando, proibindo, denunciando, mais mesmo assim ele estava sempre ali me ameaçou com uma faca encostada no meu pescoço eu grávida da segunda gestação dizendo que se me pegasse com outro eu ia morrer, esquentou água para jogar em mim.
Eu dizia que não tinha nada com ele, mas ele não aceitava e sempre me machucava, eu denuncie e ele foi preso.
E para minha surpresa o policial falou que ele ia ficar só dois dias, então eu tive que fugir para longe, tive que vender tudo as presas, dessa vez ele estava preso pela minha denúncia, então fiquei desesperada porque sabia o que ia acontecer quando ele saísse.
Eu tinha apenas dois dias para fugir, consegui ir para Bahia mais não fui bem recebida, por meus parentes, sem renda com crianças nos braços totalmente dependente de apoio.
Ele foi preso por outro crime e então eu pude voltar para São Paulo.
Mesmo na cadeia e tendo outra mulher, ele me mandava recados que se eu me relacionasse com outra pessoa eu iria morrer.
Ele me machucou fisicamente e mentalmente eu tinha um sentimento, de amor onde eu achei que ele iria mudar, mas nunca mudou, sempre voltava pior.
A prisão dele não foi por me maltratar, foi por outro crime, mas foi o que me libertou, porque ele precisou, a atual esposa dele na época disse que se ele não me deixasse ela ia abandonar ele e então ele me mandou uma carta " me mandou seguir minha vida e arrumar alguém ",
Foi a minha chance de sair dessa relação abusiva e doentia, onde eu sempre achava que eu era a culpada por estar passando por tudo.
EU SOBREVIVI A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, não foi fácil, foram mais de três anos de ameaças, tiro, violência sexual, fome, muita tristeza e medo que ia me esmagando por dentro, essas lembranças provocam muitas emoções, sempre que me lembro dói na alma pois eu não merecia, era desumano.
Ainda me lembro dele falando :
" tá vendo o que você faz eu fazer com você "
" Tá vendo o que você fez "
" Eu te amo mais é você que me provoca"
Ele me traia me batia e me deixava passar fome e ainda dizia que era minha culpa
Pois eu tive sorte e Deus me ajudou a sair dessa.
Se um homem agredir uma vez ele sempre vai agredir.
" quem ama não machuca, não sangra, não mente, não abandona, não oprimi.¨
Nós Mulheres somos portais de vida merecemos cuidados, amor e respeito.
Diga não a violência contra a mulher não aceite viver uma vida de dor ninguém precisa viver assim
E eu superei aprendi a cuidar de mim e não aceitar um homem me destruir,
Hoje eu vivo e vivo, para glória de Deus sem medo de morrer nas mãos de quem diz me amar, hoje temos mais chance de mais apoio.
13 anos atrás as coisas estavam menos favoráveis para nós, a Lei era fraca, o machismo e preconceito mandava, a mulher sempre era culpada, hoje temos, mas apoio.
Não sofra lute pela sua liberdade ser feliz ainda dá tempo, não vale a pena morrer em uma relação.
Fale com as voluntárias da Acolhimento Mulher
DENUNCIE 180, hoje tem abrigos para você e seus filhos se não puder voltar para a casa,
peça medida protetiva, peça pensão para seus filhos, ligue para a policia , faça B.O na delegacia da mulher.
Boa sorte a todas e Deus abençoe
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