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SORORIDADE NA EDUCAÇÃO DE NOSSAS MENINAS

Foto do escritor: Katia GutierreKatia Gutierre

Atualizado: 9 de jan. de 2024

Vou me apresentar como No, é assim que as pessoas me chamam e eu gosto. Sou mulher preta, tenho 66 anos e não eduquei a pessoa que eu mais amo com sororidade e hoje pago por isso.

Na minha família existe um padrão de julgamento e preconceito, aliás acho que é assim em todo lugar, as pessoas gostam de julgar as outras né.

Vejo que as pessoas gostam muito de falar das decisões, dos fracassos, quando não fazem nada para ajudar.

Eu cresci em uma casa onde mulher tinha que saber cozinhar, limpar, costurar, ser educadinha, para poder casar direitinho, mas a verdade que eu nunca fui assim, eu detesto limpar, cozinhar, nunca aprendi a costurar e cresci ouvindo que não tinha habilidade para nada, então tratei de estudar e trabalhar o máximo possível para ficar longe de casa. Com 16 anos sai de casa, e fui morar com umas amigas e eu amava muito, na minha casa só tinha briga, meu pai alcoólatra, minha mãe sempre com raiva, não me sentia parte daquilo.

Eu conheci um rapaz e me apaixonei, logo fomos morar juntos, trabalhávamos, eu ainda estudava também e todo final de semana a gente saia, íamos para barzinhos, e bebíamos bastante, eu amava minha vida, perdi o contato com minha família e sinceramente não fazia questão, porque mesmo não morando com eles, todas as vezes que tentei me aproximar indo em algum aniversario ou qualquer evento, não era bem recebida.

Após dois anos vivendo com meu amor eu engravidei, eu fiquei tão assustada, tinha um medo que não sei explicar, eu já amava muito o bebê mas tinha muito medo. Meu amor não aceitou bem a minha gravidez, e começou a se afastar, me deixava sozinha e ia se divertir, até que um dia resolveu ir embora e me deixou só na gravidez, eu fiquei sem chão, não acreditava no que aconteceu, eu ligava para ele, pedia para voltar, rezava todo dia para Deus fazer ele voltar, mas ele não voltou, e eu tive que aceitar.

Passei a ser a MÃE SOLTEIRA a que NÃO PRESTAVA porque tive uma filha sem me casar, não pude pedir ajuda para minha família porque já estava afastava a muito tempo e não me sentia segura para isso,

Mas encontrei pessoas boas que me apoiaram, pessoas que cuidaram da minha filha para eu trabalhar, e poder sustenta-la, tive alguns namoros mas não voltei a me casar e nunca mais engravidei.

Hoje minha filha tem 33 anos está casada com um homem muito bom e tem um filho lindo, mas apesar de ter feito tudo que pude para ela estudar, comer bem, ter os brinquedos que queria, ela se afastou de mim.

Hoje quando vou nas festas, almoços ou qualquer outro evento, sempre escuto alguma coisa que machuca muito.

Minha filha faz questão de falar que cresceu sendo cuidada por babás, que eu trabalhava demais, que ela quer dar para seu filhos a família que eu não dei, e isso me machuca demais.

Nunca vi minha filha falar que eu me matei para ela ter um futuro, que sempre trabalhei muito para ela ser a dentista que ela é hoje, e nunca ouvi ela falar que seu pai não devia ter me deixado sozinha na gravidez e na criação dela, pelo contrario hoje ela se encontra com o pai dela e ele participa dos aniversários, almoços de família, e é tratado como o melhor pai do mundo.

Sinto que para ela é mais fácil me atacar e agradar ele.

Eu tenho uma dor enorme no meu coração, com o jeito que ela me trata e não entendo porque quando ela era criança e adolescente éramos muito unidas, acreditava que éramos amigas, e que ela entendia minha luta.


Vou deixar uma dica aqui mulheres, não basta criar, dar comida, educação, casa, segurança e conforto... É preciso EDUCAR NOSSAS FILHAS COM SORORIDADE, para que elas cresçam com a verdade nos olhos e não sejam mulheres que julgam outras mulheres, para que sua filha seja uma MULHER QUE RESPEITA E APOIA OUTRAS MULHERES.


Eu quero agradecer vocês do Acolhimento Mulher que me atenderam, fiquei dias conversando com a Katia no WhatsApp e foi ela que me falou que eu podia mandar minha historia para ajudar outras mulheres, na verdade nunca imaginei que minha história iria servir para ajudar... mas agora sei que pode sim.

Obrigada Acolhimento Mulher, pelas conversas no WhatsApp, pelos artigos no site e por eu poder escrever aqui também, me sinto feliz em poder ajudar.




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