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Uma história de superação!

Foto do escritor: Katia GutierreKatia Gutierre

Uma mulher extraordinária, pediu para a equipe do Acolhimento Mulher contar sua história! E é claro que vamos contar! Não vamos usar nomes verdadeiros para preservar a identidade das pessoas envolvidas.


Uma história de superação!

Meu nome? Escolhi “ Superação”, nasci em 1973 em uma cidade do interior de São Paulo, na minha família não tínhamos diálogo, cresci com frases que por muitos anos me fizeram acreditar que tinha fracassado, como filha, esposa, mãe e mulher. “ Engole o choro”; “ é uma vagabunda incapaz de lavar uma louça direito, quem vai querer casar com uma mulher assim”; “ quem você pensa que é para querer fazer uma faculdade? “; "Acorda a vida é difícil e você é fraca”.

Lembro de noites que acordava com brigas entre meus pais, eles se batiam, quebravam as coisas, minha mãe saia em desvantagem na luta física. Eu me escondia embaixo do cobertor com muito medo, e no outro dia, tinha vergonha de sair na rua, porque sabia que todos os vizinhos tinham ouvido a loucura que era nossa casa.

Eles brigavam, quebravam, eu e meus irmãos não podíamos falar nada a respeito, é quando eu menos esperava eles estavam bem novamente, como se nada tivesse acontecido.

Como não tinha voz, e nem coragem para tentar ter, criei um desejo enorme de sair dali.

Aos 13 anos já namorava e acreditava que precisava casar logo, para ter minha casa, planejava ter um lar sem brigas, sonhava com a libertação de tudo aquilo, mas é claro que este não era o caminho né “eu tinha 13 anos “.

Fugi de casa uma vez, mas fugi para a casa da minha madrinha, não sei bem qual era a minha sanidade mental quando pensei que ninguém iria atrás de mim, e é claro que foram. Lembro-me quando vi minha mãe chegando para me buscar, muito brava, eu queria sumir, pois não queria voltar para aquela casa .

O tempo foi passando e enfim meus pais se separaram, mas a vida não melhorou, de alguma forma nossa família estava quebrada, os irmãos se distanciaram, cada um foi viver sua vida, eu então engravidei e me casei.

O sonho da casa sem brigas não durou muito, meu marido não permitia que eu fosse na casa da minha família, como eu tinha contado para ele tudo sobre minha família ele usava tudo aquilo para justificar que eu não tinha que ter contato com ninguém. E pela primeira vez ele me bateu, eu grávida de 5 meses. O motivo? eu o enfrentei e disse que ia sim visitar minha avó.

Naquele dia eu matei ele no meu coração, vivi alguns meses ainda com ele, mas após o nascimento da minha filha, mau conseguia olhar para ele, e então me separei. Até hoje não sei explicar porque, mas fui para a casa da minha mãe, e era um verdadeiro inferno, mais uma vez eu tinha que ouvir, que era fracassada, que não prestava, e agora vivia sobre a ameaça, a respeito da guarda da minha filha, pois toda hora tinha que escutar que não era boa mãe, e que iam tirar ela de mim.

Eu trabalhava em uma cidade diferente da que morava, entregava todo meu salário para minha mãe, “não podia fazer nada sem autorização, não podia nada, não tinha o direito, porque aquela não era minha casa, e eu não merecia”. No trabalho conheci uma mulher extraordinária, que tinha dois filhos (um casal) era casada pela segunda vez, ela era tão forte, tão acolhedora, e um dia após minha mãe me humilhar muito, está mulher me contou sua história que era muito parecida com a minha e me disse: "se você não sair desse meio de Violência psicológica e patrimonial você nunca irá ser ninguém.".

Então eu saí, peguei minha filha e fui embora, no começo fiquei na casa desta mulher, que me acolheu com muito amor, me ensinou que eu podia, trabalhar, estudar, ser mãe, ser feliz, ser livre e ser o que eu quisesse. Com a ajuda dela me fortaleci, aluguei uma casinha, era dois cômodos com um banheiro, conheci pessoas maravilhosas que eu pagava para cuidar da minha filha para trabalhar, e assim se foram 7 anos.

Minha família era eu e minha filha, passei a acreditar que eu tinha o direito de ser feliz, acreditei que podia vencer, entendi que merecia respeito e amor. Entendi que o que não foi me dado não era culpa minha, cada um da o que tem para dar e minha família não tinha para me dar a paz que eu precisava.

Passei 8 anos longe de todos, com alguns encontros, em caso de morte de algum familiar, ou casamento de outro.

Infelizmente os laços quebrados entre nossa família, nunca foram refeitos. Nos encontramos, conversamos mas nos distanciamos e cada um seguiu sua vida .

Hoje entendo que a Violência doméstica, psicológica, destruiu o vínculo familiar e cada um seguiu seu caminho em busca da libertação de tudo aquilo.


Escolhi o nome superação para contar minha história, por que eu consegui! Não vivo mais com medo de falar, de dar minha opinião, na minha casa todos têm o direito de falar, faço questão de chegar na minha casa e agradecer à Deus a paz que sinto.

Hoje contei minha história para vocês mulheres saberem que por mais difícil que seja, você também consegue!

Dê o primeiro passo acreditando que você não merece sofrer!

Acredite, você pode mudar sua história!

Força mulher! Você é maravilhosa e ninguém pode tirar nada de você.


(Autora Superação)

25 de março de 2023

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